Me lembro de escutar cada batida do meu coração quando escutei a voz do homem que sempre amei dizendo “Acho que nosso casamento já deu o que tinha que dar. Acho que quero
me separar de você”.
Naquele exato momento eu estava tirando do forno o frango assado que ele amava. Entre ir comprar o frango, descongelar o frango, temperar o frango, assar o frango digamos que gastei toda a manhã de domingo.
Sinceramente fiquei indecisa sobre o que fazer com a forma quente cheia de frango. Existe um lado não tão amoroso que me fez pensar “Serei presa se jogar o frango na cara dele?”.
Calma! Só pensei.
Coloquei o frango na mesa, comecei a servir, respire fundo, contei até cem e eu sabia que ele estava me encarando esperando a minha reação. Será que devo chorar ou implorar que ele não deixe jamais? Será que o correto seria me jogar aos seus pés e dizer que não vivo sem ele?
O que você não sabe e eu preciso te dizer é que eu amo meu marido. Ele é a melhor pessoa que eu já conheci. Sempre imaginei que terminaríamos as nossas vidas juntos.
É claro que um vai se encontrar com Deus primeiro. Quem vai primeiro? Mistério. Não sei.
– Você não vai falar nada? – Ele questiona
– Você não me ama mais? Conheceu outra mulher? Está tendo um caso? A culpa é dos meus seios que estão caídos? Devo colocar silicone? Se for, desculpa. Tenho medo. Não vai rolar.
-Não é nada disso. Não tenho amante e nem traí você. Eu só acho que estou tendo uma crise de meia idade. Às vezes penso que você não me ama mais.
Tirei o avental. Caminhei na sua direção. Nos abraçamos. Não era o nosso primeiro abraço. Nos beijamos. Não era nosso primeiro beijo e nem seria o último. Nos olhamos. Não era um olhar de despedida. Era um olhar de recomeço. Não de fim.